Os círios no Estado do Pará, Eventos religiosos
Os círios no Estado do Pará
O mais conhecido Círio do Pará é o que homenageia a Virgem de Nazaré, em Belém. Mas, não é apenas a capital paraense que celebra o momento maior de devoção à sua padroeira. No interior do Estado, antes ou depois do mês de outubro, diversos municípios exaltam os santos que consideram como o protetores das cidades.
No município de Vigia, por exemplo, localizado a 93 quilômetros de Belém, ocorreu no segundo domingo de setembro aquele que é considerado o Círio mais antigo em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré. No século XVIII, o fidalgo lusitano Dom Jorge Gomes D‘Alemó teria trazido uma cópia da imagem portuguesa para a Vigia. De acordo com relatos históricos, ele trouxe a imagem da Santa em 1616, sendo que ela se deteriorou com o tempo e foi levada para restauração. Eis que então teria ocorrido um ataque indígena às pessoas que a levaram e ela se perdeu. Tempos depois, Plácido (a crônica nazarena registra que ele seria vigiense) a encontrou e começou, em Belém, a devoção, por volta de 1700, copiando o estilo do mais antigo Círio, o da Vigia.
Este ano, o povo vigiense comemora sua 320ª edição do círio. Durante a procissão, a imagem da santa é levada da igreja de São Sebastião em direção à igreja Matriz, no centro histórico da cidade. Os fiéis percorreram quatro quilômetros de romaria.
MÊS DOS CÍRIOS
O mês que bate recorde de celebrações em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, segundo a Arquidiocese de Belém, é o de novembro. Ao todo são 16 Círios de Nazaré conhecidos, nos municípios de Acará, Barcarena, Bragança, Breves, Marituba, Marudá, Maracanã, Magalhães Barata, Paragominas, Pitimandeua, Primavera, São Jorge do Prata, Santa Cruz do Arari, São Miguel do Guamá, Soure e Viseu.
Apesar da devoção ser em torno da mesma Santa, cada município tem a sua peculiaridade. Em Soure, por exemplo, um grupo de homens montados a cavalo e em búfalos faz o cortejo da imagem. Situação semelhante ocorre no Círio de Paragominas, no qual uma cavalgada recebe uma bênção especial de Nossa Senhora.
Há outros Círios em novembro, como por exemplo, em Icoaraci. Mas, a homenagem é para outra Santa: Nossa Senhora das Graças. Tradicionalmente, a procissão ocorre no quarto domingo do mês. Da mesma forma como acontece em Belém, na Vila de Icoaraci – que apesar de ser um distrito de Belém tem ares de cidade interiorana – os promesseiros seguem dentro da corda e a imagem da Santa é protegida pelos Guardas de Nossa Senhora das Graças. Os Guardas de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém, também participam da caminhada.
Um domingo após a realização do Círio de Icoaraci ocorre o de Outeiro, distrito a 18 quilômetros do centro de Belém. Os romeiros prestam sua homenagem à Nossa Senhora da Conceição e abrem assim a programação em homenagem ao dia dedicado à Santa (8 de dezembro).
Outro distrito que conta com a sua Santa própria e presta honrarias a ela é o do Mosqueiro. Este, já ocorre tradicionalmente no segundo domingo de dezembro e homenageia Nossa Senhora do Ó. A festividade é realizada há 141 anos.
OUTROS CÍRIOS
ACARÁ
A festividade é celebrada no 3º domingo de novembro desde 1944. Homenageia Nossa Senhora de Nazaré. Como acontece em Belém, a Santa é levada em uma berlinda ornamentada com flores.
AUGUSTO CORRÊA
O início do Círio data de 1958 e é realizado no 1º domingo de dezembro. Os moradores de Augusto Corrêa prestam homenagens e testemunhos de fé em Nossa Senhora de Nazaré.
BREVES
Desde 1934 que Breves mantém a tradição de realizar o Círio de Nazaré no mesmo dia em que ocorre em Belém, no segundo domingo de outubro. O município fica a 12 horas de barco da capital e está situado no arquipélago do Marajó.
CURRALINHO
Localizado também na Ilha do Marajó, Curralinho celebrou, em 1994, seu o primeiro Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Também no segundo domingo de outubro devotos e promesseiros demonstram todo o seu amor à Santa. Colorem a cidade com flores e balões espalhados pelos locais por onde passa a procissão.
IGARAPÉ-MIRI
O Círio de Nazaré é realizado no município no domingo posterior ao de Belém. É celebrado desde 1956. Tendo como base o Círio da capital, já faz parte da história desta cidade e, a cada ano, vem crescendo em números de fiéis. É uma das maiores manifestações de fé do povo miriense que também realiza anualmente a tradicional festividade em homenagem à Nossa Senhora de Sant’Anna.
ITUPIRANGA
É um dos mais novos do Pará. A primeira procissão foi realizada em 2000.
A berlinda todos os anos é ornamentada com flores e sementes de frutos da terra, como o açaí, por exemplo. Ocorre no segundo domingo de setembro.
MARITUBA
Antiga colônia de Hansenianos, Marituba teve seu primeiro Círio realizado em 1942, no terceiro domingos de novembro. O Círio ocorre graças aos internos do local que nunca deixaram de ter fé e esperança de melhores dias. A Virgem de Nazaré aparece como a grande intercessora da fé dos internos junto a Deus.
PARAGOMINAS
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Paragominas é marcado pela fé e pela cavalgada que percorre a cidade e recebe uma bênção toda especial de Nossa Senhora. Realizado desde 1933, o Círio de Nazaré acontece no terceiro domingo de novembro.
PRIMAVERA
Há mais de 50 anos, o Círio de Primavera é realizado no terceiro domingo de novembro, com características bem peculiares: a festividade inicia oito dias antes com o Círio das Crianças, dos Idosos, dos Casais, dos Estudantes, Procissão rodoviária, Trasladação e o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que encerra os festejos nazarenos com grande participação comunitária.
PARAUAPEBAS
O Círio em homenagem à Virgem de Nazaré acontece no quarto sábado de outubro, e não no domingo, como dos outros municípios. A devoção iniciou com homenagem feita num pequeno altar de uma loja local e foi adotada como tradição religiosa e cultural pelos moradores de Parauapebas. São pelo menos 15 dias de festividade com imensas demonstrações de fé.
QUATIPURU
Localizada na região do salgado, nordeste paraense, teve seu primeiro Círio realizado em 1930. O Círio do terceiro domingo de outubro é marcado pelo encontro das de todas as imagens que estavam em peregrinações visitando casas familiares e comunidades. Elas são levadas, em caminhada para a igreja de Nossa Senhora de Nazaré. (Diário do Pará)
Cibele Menezes
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